Sábado, Abril 27, 2024
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A ESQUERDA EM CHEQUE !

Há alguns anos eu venho notando uma guinada nas bases da esquerda brasileira em direção ao precipício do identitarismo vendido pelo eurocentrismo clássico e pela lógica do consumo estadunidense. Esse movimento não é um fenômeno isolado ou um privilégio tupiniquim, mas como sabemos, eles amam nos fazer de laboratório social logo que compramos fácil tudo aquilo que nos empurram goela abaixo. 

A esquerda tem abandonado pautas como o direito universal à educação e abraçado a ideia de resolver com cotas. Não se fala mais em universalizar o transporte público, direitos básicos como água, luz, esgoto, saúde básica, etc, estão sendo terceirizados pela esquerda e a noção de bem-estar social ao estilo europeu tão bem aceita pela esquerda tem custado cada vez mais caro ao cidadão comum. Enquanto isso, a nossa esquerda se embrenha em um caminho sem volta em tentar se apresentar como o melhor caminho para administrar o estado de servidão ao mercado financeiro do capitalismo neo-liberal. 

As flautas soaram com a melodia da social democracia nos anos 1990 e nos trouxeram ao perigoso e difuso progressismo onde ser inclusivo não é pregar uma agenda de revisão da economia mas sim, adotar a dita linguagem neutra.  

Para alguns, isso é um assunto sério e relevante,  mas para outros o que mais importa é estarmos nos espaços de poder, mesmo que longe daqueles a quem dizemos representar: o proletariado e as minorias. Então meus caros, não vemos efetivamente diferenças entre PT e PSDB desde que nosso “ídolo” seja o presidente e não o “mito” do outro. Não importa pra gente se Geraldo Alckmin é o vice-presidente do Lula e filiado ao PSB. Não faz diferença em ver um erro político chamado Magdala Furtado filiada ao PV com a bênção de Gleisi Hoffmann, Janja Lula da Silva, Lindbergh Farias e do próprio Lula em detrimento de uma candidatura própria petista construída com muita luta. Hoje não nos choca ver Aquiles Barreto jurar vassalagem ao candidato do PL Dr. Serginho, e por aí vai. 

Ser de esquerda é estar em estado de cheque no tabuleiro político. É estar encurralado em nome de algo que chamamos de “bem maior” mas que nos aprisiona e nos reduz a meros peões de madeira em um jogo em que só o rei importa. É preciso repensar o que é a esquerda e reavaliar se ela nos merece.

Por Mardônio Gomes