Sábado, Maio 4, 2024
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O empirismo no turismo terrestre. Make a wish!

As pessoas que pensam o turismo em Cabo Frio parecem não querer incluir o turista que temos em seus planos e projetos de cidade perfeita. Usam frases como: “A cidade que é boa para o morador é boa para o turista”, “Precisamos pensar no turismo de qualidade”, ” O turista é nossa estrela principal pois é ele quem traz emprego e renda para a cidade”, etc… Pois bem, são lindos discursos em que todos concordam de forma unânime em reuniões de instituições e conselhos mas que não são acompanhados por ações efetivas em transformar ideias em realidade.

Se Cabo Frio fosse um produto de prateleira, poderia ser comparado a um Kinder Ovo: uma embalagem interessante e uma estrutura oca com uma surpresa nem sempre tão agradável assim. Uma cidade com ótima localização geográfica, fáceis acessos por mar, terra e ar, uma praia fantástica, um costão incrível, uma APA de restinga única, cultura, história, religiosidade, arte, literatura, músicos de primeiríssima linha, hotelaria consolidada mas que ainda pode expandir-se, gastronomia diversa, vida noturna, praias alternativas, dentre outros atrativos mas tudo extremamente mal administrado, mal divulgado, mal potencializado.

Coloquei-me no lugar de um turista de excursão e vim pra Minas Gerais com um grupo de classe média baixa em um ônibus simples porém maravilhoso, com um motorista fantástico. Fizemos uma ótima viagem, assim que chegamos, fizemos nosso check-in, por volta das 05:00h da manhã. Fomos muito bem recebidos e o hotel nos disponibiliza apartamentos extremamente bem cuidados. A minha família está encantada com os atrativos da cidade. Ruas bem cuidadas, bares e restaurantes bem ordenados, todos com um sorriso no rosto, moradores nos dando boas vindas, não se vê lixo nas ruas e nem ruas esburacadas. O comércio local valorizando produtores locais e nenhuma via obstruída por árvores, fios ou bloqueadas ao trânsito de ônibus de turismo. Os hoteis têm permissão para deixarem os ônibus estacionados na porta pois há sinalização proibindo estacionamento em frente a hoteis. 

Eu não estou falando de Gramado, Canela, Penedo ou outro point famosinho, estou falando de São Lourenço. É gente, aqui os guardas municipais não te chamam atenção por você estar de chinelo. Aqui a equipe de Mobilidade Urbana te pergunta o que você precisa para se sentir em casa ao invés de te expulsar lhe fazendo se sentir persona non grata e o ticket médio deixado é alto em relação aos preços dos produtos aqui. Tudo bem barato. A cidade está lotada o mês todo e o hotel em que estou está com três excursões; uma de Cabo Frio, uma de Armação dos Búzios e outra de Rio das Ostras. 

Parece que ao invés de usar avião para passear em Brasília ou perambular em coqueteis, nossos agentes públicos teriam uma experiência mais empírica buscando a simplicidade do possível. Entrem num foguetão e venham para Minas Gerais! Talvez consigam devolver a eles um pouco do carinho que eles nos dão quando os visitamos. Just Make a Wish!

Por Mardônio Gomes