Domingo, Maio 5, 2024
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O Racismo estrutural no Brasil

Há 134 anos foi aprovada pelo Império a Lei Áurea. Nos Quilombos, Zumbi dos Palmares e Tereza de Benguela representam a resistência dos escravizados, com toda a força e legitimidade dos que lutavam contra a opressão, suportando um pesado fardo em suas vidas, ombros e lombos. Com a aprovação da Lei Áurea sem as necessárias políticas públicas de inclusão da população preta à sociedade detentora dos meios de sobrevivência e sem nenhum processo de transição para uma realidade mais justa, o que houve foi uma situação de completo abandono, hostilidade, racismo, segregação social e econômica após o ato formal do Império. 

Chegamos a 134 anos  da Lei Áurea com alguns avanços na dívida histórica, como as cotas nas universidades e leis para punir o racismo, mas ele continua presente estruturalmente e de muitas formas em nossa sociedade. Desde 1995, quando o Brasil reconheceu à ONU que há trabalho escravo no país, foram resgatadas 57 mil pessoas trabalhando em situação análoga à escravidão. Miseravelmente, práticas escravocratas ainda permanecem incrustadas em nossa cultura e na prática de alguns empresários.  

Em 12 de maio deste ano, a Polícia Civil do Rio fez uma demolição do memorial que a comunidade do Jacarezinho ergueu em homenagem aos seus 27 mortos na chacina e um inspetor da polícia. A ONG Justiça Global se manifestou: “Não basta imporem sigilo aos autos, arquivarem despudoradamente os inquéritos, destroem também a marretadas o direito de toda uma comunidade de contar a sua história e de velar, uma vez mais, os seus mortos”. Na sua tradicional conversa no cercadinho, o governante do país fez comentários de cunho racista sobre um dos seus apoiadores pretos: “Tu pesa o quê? Mais de sete arrobas, né?”. É o cancro do racismo se expressando de forma nua e crua no mais alto cargo da República. No entanto, há mais consciência, mais resistência e mais força das iniciativas em defesa dos direitos da população preta, tanto no Brasil como em outros países, e avançaremos. 

Roberto Rosa, Ativista Politca