Sábado, Abril 27, 2024
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Será mesmo que somos a Mão Podre do mundo?

Há mais de um século vivemos sob o discurso de que “herdamos os valores dos portugueses, a preguiça dos índios e a delinquência dos escravos”. Esse discurso é alimentado até hoje pelos Homens do Poder e que, virou polêmica ao ser usado pelo vice-presidente, General Hamilton Mourão, há um breve tempo atrás. O certo é que precisamos redefinir nossa identidade patriótica e quebrar o paradigma de ser vistos como um povo “mestiço”, “inferior”, “impuro”. Nossa primeira definição de Povo ( com P maiúscula) foi dada por Gilberto Freyre em seu livro clássico, Casa Grande e Senzala, que de certa forma, fez uma premonição ou estigmatizou o que seríamos como sociedade até os dias atuais.

Fomos redefinidos pelo historiador  Sérgio Buarque de Holanda em O Homem Cordial, no qual ele retrata o comportamento do “homem ideal” do estereótipo do cidadão comum e redefine a figura do que é ser ELITE na sociedade brasileira. A partir dessas obras, da concepção do que é, de quem somos como sociedade, nos foi imposta uma condição de acreditar que a grande massa mestiça, herdeira de “chagas” sociais irreparáveis. No início do século XX houve um grande esforço de embranquecimento da população nos grandes centros urbanos, essa raça deveria ser desacreditada, contida e tolhida do próprio conhecimento de si. Autores como Lima Barreto, Gilberto Freyre, Paulo Freire, Sérgio Buarque de Holanda, Milton Santos, Abdias Nascimento, Ariano Suassuna, Carolina Maria de Jesus, Maria Firmina dos Reis, dentre outros, jamais estiveram na grade de livros didáticos das escolas públicas e se depender da elite, jamais estarão. 

Isto posto, fomos obrigados e doutrinados a acreditar que um dos países mais ricos e potencialmente promissores do globo, não consegue produzir nada que preste. Nós dizemos a nós mesmos que só produzimos políticos ruins, e portanto devemos nos submeter aos modelos políticos do hemisfério norte. Ainda acreditamos que não somos capazes de explorar com sustentabilidade nossos recursos, por isso devemos vendê-los aos países competentes do hemisfério norte e que nosso povo não consegue ser tão empreendedor e exitoso no que faz, por isso saímos do país para viver no hemisfério norte. Resultado: somos os patriotas que desprezam a pátria, os nacionalistas que entregam suas riquezas e que trocam sua origem por uma identidade estrangeira na primeira oportunidade.

Hoje brigamos por identitarismo, personalismo, idealismo, de forma sectária e no final, acabamos culpando a nós mesmos pelas nossas mazelas. Enquanto estivermos com essa venda de cavalo e com esse cabresto pôsto, as elites vão alternando seus políticos de bolso, enquanto nós, incautos no nosso ódio ao próximo e nossa ignorância de si, vamos nos iludindo com um sonho, uma utopia chamada Democracia!!

Aos filhos da pátria chamada Brasil.
Feliz dia das mães!!

Por Mardonio Gomes,