Uma matéria publicada nesta terça-feira (1º) pelo jornal O GLOBO expôs as conexões entre o tráfico de drogas e a administração pública de Arraial do Cabo, município na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro. A investigação, conduzida pelo repórter Rafael Soares, revela um esquema no qual as maiores facções criminosas do Brasil, como o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), estariam se infiltrando nas estruturas municipais para lavar dinheiro proveniente de atividades ilícitas.
O caso mais recente, detalhado por O GLOBO, envolve Marcos Antônio Ferreira do Nazareth, o Marquinho de Nicodemedes, candidato a vereador em Arraial do Cabo. Marquinho já foi condenado por tráfico de drogas e atualmente está preso por participação em um esquema de desvio de recursos públicos no município. De acordo com a investigação, mesmo dentro da prisão, ele mantinha influência nas licitações fraudulentas da prefeitura cabista.
Segundo a matéria do Globo, o Ministério Público do Rio (MPRJ) afirma que o político abriu empreiteiras e uma delas, em nome de um “laranja” que venceram,entre 2018 e 2020, concorrências públicas repletas de irregularidades para construir dois postos de saúde em Arraial do Cabo. O dinheiro foi depositado nas contas das empresas,mas as obras praticamente não saíram do papel até as irregularidades virem à tona, no início de 2021. Os Prédios,que deveriam estar atendendo a população àquela altura,só foram entregues na gestão seguinte. Réu por diversos crimes em decorrência da fraude, Nazareth tem, no entanto, uma ficha criminal ainda mais longa: em 2008, ele foi condenado a 4 anos 2 meses de prisão por integrar uma quadrilha que transportava cargas de maconha e cocaína de MatoGrosso do Sul até Arraial do Cabo.Três anos depois,recebeu uma pena de 5anos e 6meses após ser preso em flagrante na Rodoviária do Rio enquanto levava drogas, numa mochila, para a Região dos Lagos.
A atuação das facções nas prefeituras, de acordo com a matéria, vai além de Arraial do Cabo. Outros municípios da região também estão sendo monitorados pelas autoridades, que identificaram indícios de atuação de criminosos em parcerias ilícitas com políticos e servidores. O objetivo é ampliar o controle territorial e garantir uma nova forma de renda para os grupos, que já dominam o comércio de drogas em várias áreas urbanas e rurais.
Esse caso serve como um alerta sobre a necessidade de um combate mais eficaz à corrupção e ao crime organizado nas esferas municipais, especialmente em cidades de pequeno e médio porte, que acabam se tornando vulneráveis à cooptação de agentes públicos. A reportagem ressalta que a integração entre as facções e a política é uma ameaça direta ao funcionamento das instituições e ao controle social dos territórios.
