Um fato que chamou atenção nas últimas semanas foi a presença de Vicente Gadelha Rocha Neto, um dos antigos sócios de Glaidson Acácio dos Santos – conhecido como o “Faraó dos Bitcoins” – circulando livremente em um carro de luxo pelas ruas de Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro. Vicente foi preso durante a Operação Kryptos, deflagrada pela Polícia Federal, que desvendou um esquema bilionário de pirâmide financeira envolvendo criptomoedas.
Nas primeiras fases da operação da Pf, Vicente chegou a ficar foragido e foi preso na Republica Dominicana. Segundo investigações, Vicente Gadelha era sócio da DVG Consultoria em Tecnologia da Informação Eireli, uma empresa ativa entre 2018 e 2020. De acordo com o inquérito da Polícia Federal, essa empresa recebeu aproximadamente R$ 28 milhões da GAS Consultoria, empresa de Glaidson. Entre janeiro de 2020 e junho de 2021, o empresário movimentou expressivos R$ 442,4 milhões em crédito e R$ 446,4 milhões em débito através de três contas vinculadas à sua outra empresa, a VGR Tecnologia.
Apesar das vultosas transações financeiras, a Receita Federal apontou que Vicente não apresentou sinais externos de evolução patrimonial ou financeira. Segundo o relatório da Polícia Federal, sua função no esquema diferia de outros investigados que se beneficiaram diretamente dos lucros. As investigações indicam que ele atuava como uma “interposta pessoa” para Glaidson, disponibilizando suas empresas para movimentações financeiras que favoreciam o ex-garçom.
Vicente também foi citado nos documentos da operação por manter um perfil de gastos que não condizia com o montante movimentado em suas contas. Embora os valores sejam estratosféricos, a investigação sugeriu que ele não usufruiu diretamente do luxo característico dos outros sócios. Ainda assim, sua recente aparição em um carro de luxo levanta dúvidas sobre a real dimensão de sua participação no esquema e sobre o destino dos valores movimentados.
A Operação Kryptos segue desdobrando suas investigações para rastrear recursos desviados e identificar todos os envolvidos. A justiça brasileira tenta recuperar parte do prejuízo deixado pelo esquema que lesou milhares de investidores em todo o país.