A Prefeitura de Arraial do Cabo conquistou nesta terça-feira (03) uma das cinco vagas na Mostra de Boas Práticas dos Municípios do Rio de Janeiro, na categoria Implementação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra. A apresentação ocorreu no Hotel Windsor Guanabara, no Rio, e garantiu ao município a oportunidade de participar de uma série audiovisual para o Canal Saúde, do Ministério da Saúde.
O projeto inscrito, intitulado Saúde Universal, sem Preconceito (SUSP), foi desenvolvido no âmbito do Programa de Saúde Integral da População Negra e utiliza histórias em quadrinhos protagonizadas por personagens locais para abordar temas como diabetes, hipertensão, anemia falciforme, teste do pezinho e a questão raça-cor. A ideia é aliar uma linguagem acessível à valorização da identidade cultural da comunidade cabista, criando um canal de diálogo direto e acolhedor sobre saúde.
Durante a apresentação na mostra, a coordenadora do programa, Marta Fonseca, explicou que as histórias em quadrinhos foram produzidas com base em relatos reais coletados em unidades básicas de saúde do município. “Nossa meta é levar informação de qualidade para todos os públicos, especialmente para quem historicamente enfrenta barreiras no acesso ao SUS. Utilizamos a HQ para ilustrar situações cotidianas e gerar empatia, ao mesmo tempo em que reforçamos a necessidade de cuidados preventivos,” afirmou Marta.
Ao lado de Marta, compuseram a mesa de apresentação a subsecretária de Saúde, Nataly Queiroz, a coordenadora dos Programas de Atenção Básica, Tatianne Pereira, e a diretora de Planejamento de Saúde, Leila Cabral. Todas destacaram a importância de estratégias que considerem as especificidades culturais e sociais para combater desigualdades no atendimento à população negra.
Para o secretário municipal de Saúde, Jorge Diniz, a seleção de Arraial do Cabo entre os destaques do estado nacional reforça o comprometimento da gestão com ações embasadas na escuta ativa e no respeito à diversidade. “É o reconhecimento de um trabalho feito com afeto, escuta e compromisso. Cuidar da saúde da população negra é olhar para a equidade com seriedade, e é isso que estamos fazendo em Arraial”, declarou Jorge.
Além de Arraial do Cabo, também foram reconhecidas duas iniciativas da cidade do Rio de Janeiro, uma de Magé e outra de Búzios. As cinco experiências selecionadas serão filmadas para um programa especial que será exibido na grade do Canal Saúde, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e distribuído em todo o país como exemplo de políticas públicas exitosas no combate às injustiças raciais no campo da saúde.
A gravação em Arraial do Cabo está prevista para ocorrer nas próximas semanas, quando as equipes do SUS local mostrarão a rotina das unidades de saúde, depoimentos de profissionais e usuários, além de cenas das oficinas de quadrinhos que vêm sendo realizadas nas escolas e centros comunitários.
Sobre o SUSP
Lançado em 2024, o programa Saúde Universal, sem Preconceito (SUSP) surgiu a partir de diagnósticos locais que apontaram a necessidade de ações educativas focadas na população negra do município. As histórias em quadrinhos apresentam personagens inspirados em moradores de bairros como Prainha, Figueira e Caminho de Búzios, o que garante identificação imediata entre os leitores. A distribuição das HQs acontece em unidades de saúde e em pontos de grande circulação, como escolas e associações de moradores, com tiragens mensais e atualização dos enredos a cada novo tema de saúde.
A equipe de Saúde estima que, nos primeiros seis meses de implantação, mais de 3 mil exemplares tenham chegado às mãos de brasileiros – entre crianças, jovens e adultos – reforçando a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado. A inclusão de conteúdos sobre raça e cor também tem contribuído para discussões nas rodas de conversa e nos grupos de apoio formados pelos agentes comunitários.
Próximos passos
Além da gravação para o Canal Saúde, a Secretaria Municipal de Saúde planeja ampliar o projeto SUSP nos distritos de Monte Alto e Figueira Verde, adotando novas temáticas relacionadas a doenças tropicais e saúde mental. A pasta também estuda parcerias com organizações não governamentais para levar oficinas de quadrinhos a quilombos e aldeias indígenas da região, fortalecendo o caráter de interculturalidade e ampliando o alcance do programa.