Margareth Julião foi reconhecida no Prêmio Mulheres das Águas e reforça a importância da presença feminina na pesca artesanal
A pesca artesanal é um pilar da identidade de Arraial do Cabo e, nos últimos anos, as mulheres têm conquistado cada vez mais espaço nesse setor historicamente dominado pelos homens. Enfrentando desafios e promovendo autonomia por meio do trabalho coletivo, pescadoras da região se organizaram na Cooperativa Mulheres Nativas, fundada em 2014 para fortalecer a categoria e valorizar os saberes tradicionais.
Margareth Julião, pescadora experiente e referência na comunidade, foi uma das vencedoras da 2ª edição do Prêmio Mulheres das Águas, promovido pelo Ministério da Pesca e Aquicultura, na categoria “Pesca Artesanal em Águas Marinhas”. A premiação reconhece a contribuição das mulheres no setor pesqueiro, e Margareth aproveitou o momento para ressaltar a importância da inclusão feminina no mar.
“Dedico esse prêmio a todas as mulheres que, assim como eu, enfrentam os desafios de um mundo tradicionalmente masculino. Com garra e determinação, conquistamos nosso espaço, garantimos nosso sustento e mostramos que a pesca também é nossa. Somos mulheres e pescamos”, declarou.
Filha de pescadores, Margareth cresceu observando os barcos partirem da Praia Grande e, desde jovem, sonhava em lançar suas próprias redes. Começou na pesca de lulas e, com o tempo, ajudou a abrir caminhos para outras mulheres no setor.
Atualmente, além da pesca, ela e suas colegas da cooperativa realizam todo o processamento do pescado, transformando-o em produtos como kibe e hambúrguer de peixe. Sua trajetória já foi reconhecida em outras premiações, como o concurso “Saberes e Sabores” da FAO/ONU, com sua receita de peixe escalado com banana, e o 2º lugar no prêmio “Mulheres Rurais, Espanha Reconhece”, em 2023. Margareth também integra o Conselho da Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo, reforçando seu compromisso com a sustentabilidade e os direitos das pescadoras.
