Comunidade e autoridades debatem preservação do local histórico

A histórica Cabana do Pescador, situada entre as praias do Peró e das Conchas, em Cabo Frio, enfrenta um impasse jurídico que pode levar à sua remoção. Construída na década de 1940, a estrutura está no centro de uma disputa entre o Ministério Público Federal (MPF), órgãos ambientais, a prefeitura e a comunidade local.
O MPF argumenta que a cabana foi erguida em terreno de marinha sem autorização e exige sua demolição. Para discutir a questão, a juíza federal Mônica Lúcia do Nascimento Alcântara Botelho, da 1ª Vara Federal de São Pedro da Aldeia, agendou uma audiência pública para esta quarta-feira, às 16h, no próprio local, reunindo todas as partes envolvidas.
Diante da ameaça de remoção, a comunidade do Peró, juntamente com a ONG Amigos do Peró e a Associação Comercial, Empresarial e Turística do Peró (ACETUR), propõe a transformação da Cabana em um centro de controle de acesso às trilhas do Morro do Vigia e em um museu sobre a pesca local. Anderson Akel, presidente da ACETUR, destaca a importância da estrutura para a identidade regional. “A Cabana é essencial para a economia e o turismo do Peró. Propomos um uso sustentável que respeite o meio ambiente e valorize nossa cultura”, afirma.
Desafios e propostas para a preservação
Uma das principais preocupações é a adequação sanitária do espaço. A comunidade sugere que a prefeitura e o Instituto Estadual do Ambiente (INEA) apresentem ao MPF um projeto sustentável, compatível com as normas do Parque Estadual da Costa do Sol, onde a cabana está localizada. Marta Rocha, da ONG Amigos do Peró, reforça a ideia de converter o espaço em um centro cultural. “Com práticas sustentáveis, a Cabana pode ser um local de educação ambiental, promovendo exposições e cursos sobre a preservação marinha”, argumenta.
A ONG Mar Sem Lixo também apoia a iniciativa, propondo que o local se torne um centro de divulgação da cultura oceânica. “A Cabana do Pescador é um marco cultural e ambiental do Peró. Queremos que ela seja um ponto de referência para a conscientização sobre o oceano”, afirma Gisele Letier, vice-presidente da organização.
Um símbolo da tradição pesqueira
A Cabana do Pescador tem suas raízes na década de 1950, quando Pedro José dos Anjos ampliou a estrutura para oferecer refeições aos pescadores locais. Mais tarde, seu filho, Jamil dos Anjos, assumiu o espaço, consolidando-o como um símbolo da tradição pesqueira da região.
Nos últimos dias, três secretários municipais, acompanhados de técnicos, realizaram uma vistoria no local para elaborar uma proposta de uso sustentável, que será apresentada na audiência pública. O movimento pela preservação da Cabana ganhou ainda mais força com o apoio do atual prefeito de Cabo Frio, Dr. Serginho, que, enquanto deputado estadual, defendeu seu tombamento na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
Agora, resta saber se a história e a cultura prevalecerão diante das questões jurídicas e ambientais que cercam a icônica Cabana do Pescador.
