O Estado do Rio de Janeiro bateu em 2022 seu recorde de captações de órgãos. Dados da Central de Transplantes da Secretaria estadual de Saúde indicam 349 retiradas de fígados, pulmões, rins e corações no ano passado. Este ano, já foram 263 até agosto, e a expectativa é que a marca do ano passado possa ser superada.
Em 2022, quando o critério foi o número de doações por milhão de população (pmp), o estado ocupou a quarta colocação (20pmp), atrás de São Paulo (20,5pmp). Os campeões foram os estados de Santa Catarina (44,8 pmp) e Paraná (40,6 pmp), com indicadores semelhantes aos registrados pela Espanha, país que mais capta no mundo.
— As campanhas educativas sobre a importância de doar órgãos têm sua importância. Mas o que mais pesou para que as captações aumentassem foi a intensificação do treinamento das equipes médicas dos hospitais para identificar potenciais doadores nas UTIs e nas emergências das unidades — avaliou o coordenador do programa de transplantes do Rio, Alexandre Cauduro.
A captação segue a orientação da política nacional de transplantes. A prioridade é que o órgão captado seja aproveitado no próprio estado de origem. Quando não existem receptores compatíveis ou a equipe médica do estado avalia que um órgão mesmo em boas condições não pode ser aproveitado, ele é oferecido para outras unidades da federação.
Quando o doador é mais jovem e saudável, como no caso de Caroline Kethlin de Almeida Ribeiro, a probabilidade de aproveitamento de órgãos é maior. Cauduro avalia que a fila do Rio de Janeiro tem indicadores que às vezes são ilusórios e escondem problemas. Ele cita a espera por um rim: ao todo, há 1.316 pacientes que aguardam 17 meses.
— Temos dez mil pacientes em hemodiálise no estado, que precisam de um rim. O estado prepara uma resolução para obrigar as clínicas a cadastrá-los para que todos tenham chances de transplante— disse o coordenador.