Não existe direita e esquerda e sim o que é e o que não é PT. O paraíso vendido pelo discurso fácil do presidente Lula não é novidade. Eu sempre disse que meu sonho seria morar em um mundo igual ao da propaganda do PT. A novidade é que sempre havia algo pior para comparar, mas sem o risco de Bolsonaro em jogo. O marketing do governo Lula III ou PT V, tenta apagar da memória do cidadão comum o fato de que o PT governou por 14 anos seguidos e mais dois regidos pelo vice que o PT elegeu totalizando 16 anos no poder. Considerando de 1988, ano da Constituinte, a 2016 ano do impeachment da Presidente Dilma, o PT ficou mais da metade do tempo da democracia pós ditadura no poder. Mas parece ser pecado ampliar o olhar no retrovisor. Só pode se comparar ao governo Bolsonaro. Será que o Lula sabe de alguma coisa que nós não sabemos? Que medo é esse do Bolsonaro voltar se ele está inelegível? Será que é a certeza de quem ficou inelegível e preso porém foi, milagrosamente, recolocado na cena política para “salvar” a democracia?
O fato é que manter o movimento criado em torno do modo Bolsonaro de ser deu certo e será tema da campanha dos partidos e frentes nas eleições municipais. A sobrevivência de uma governabilidade complexa do governo Lula III passa pelo fortalecimento econômico jamais visto na história de bases partidárias que sustentam o Bolsonaro vivo no cenário político nacional. O movimento neo-liberal, de extrema direita e os partidos que compõem o Centrão nunca viram tanto dinheiro, nem mesmo durante o período da ditadura militar. A generosidade do governo Lula III é indiscutível nesse ponto.
Mas, para a ala governista do PT, é proibido tocar em certos assuntos. Principalmente se você for de esquerda. Sim meus caros! Ser de esquerda é um pecado e também um risco à governabilidade do Lula, logo, um risco à democracia. Ser de esquerda hoje é ser comparado aos bolsonaristas. Ser de esquerda hoje é ser oposição ao governo Lula III. Um governo sem nenhum projeto mas que tem em seu slogan a palavra RECONSTRUÇÃO.
Quem observa de longe os movimentos e discursos do presidente Lula nota um governo que, no discurso, busca um prêmio Nobel da paz mas que, na prática, parece ter saído da campanha do Aécio Neves na época do PSDB com a assinatura de Geraldo Alckmin.
Vamos iniciar um 2024 vendo coisas estranhas e bem surreais a começar com Marta Matarazzo Suplicy se apresentando como vice na chapa de Guilherme Boulos. Ou seja, o Boulos será a escada perfeita para o PT recuperar a prefeitura de São Paulo sob a bênção do presidente Lula. Enquanto isso, no Rio de Janeiro, Washington Quaquá e André Ceciliano colocam o PT à disposição de candidaturas bolsonaristas. É amigos, minha vó me dizia: “Meu filho! Meu filho! Você vai ver coisas!”. E eu ainda dizia que era mentira de Didinha!!
Por Mardônio Gomes