A 126ª DP (Cabo Frio) concluiu que Glaidson Acácio dos Santos, o “Faraó dos bitcoins”, foi o mentor intelectual do atentado contra Nilson Alves da Silva, de 44 anos, que também atua no ramo de investimentos com criptomoedas. Segundo a investigação, comandanda pelo delegado Carlos Eduardo Almeida, o ex-garçom encomendou a morte depois que a vítima “espalhou a notícia” de que ele seria preso pela Polícia Federal (PF), aconselhando clientes a retirarem valores aportados junto à GAS Consultoria.
Nilson, porém, sobreviveu ao ataque, ocorrido no dia 20 de março de 2021, por volta das 11h30 da manhã. Conhecido na cidade como Nilsinho, ele passava de carro pela Rua Maestro Braz Guimarães, no bairro Braga, em Cabo Frio, na Região dos Lagos, quando, ao parar em um sinal, a BMW X6 que ele ocupava, e que pode custar mais de R$ 600 mil, foi atingida por vários disparos vindos de um carro que emparelhou, ocupado por homens encapuzados.
Baleada no pescoço, a vítima foi socorrida para o Hospital Central de Emergência (HCE) e, depois, transferida para uma unidade particular, onde chegou a passar vários dias em estado grave na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Em decorrência dos ferimentos, Nilsinho ficou cego e paraplégico.
De acordo com a Polícia Civil, Glaidson — que encontra-se atrás das grades e é réu, ao lado de outros 16 comparsas , por crimes contra o sistema financeiro nacional, entre outros delitos — determinou que Thiago de Paula Reis, “pessoa de sua extrema confiança”, contratasse os executores do crime. A proximidade entre os dois é reforçada por uma visita feita por Thiago ao ex-garçom na cadeia, poucos dias após a prisão.
Thiago, então, contratou Rodrigo Silva Moreira, Fabio Natan do Nascimento, Chingler Lopes Lima e Rafael Marques Gonçalves Gregório para que cometessem o assassinato. Para dificultar a investigação, o quartetou utilizou um veículo clonado para fazer o cerco a Nilson e abrir fogo contra ele. Apenas Chingler e o próprio Glaidson estão presos. Os outros cinco indiciados pela Polícia Civil encontram-se foragidos
Câmeras de segurança no entorno do local em que Nilsinho foi baleado flagraram a movimentação dos criminosos e também a aproximação ao carro da vítima. Em uma dessas imagens, registrada pouco depois do crime, Fabio e Chingler aparecem deixando o Honda Civic branco utilizado no ataque. Chingles, de camisa preta, desce do banco do carona segurando o que parecem ser duas raquetes de tênis. Cerca de dois minutos depois, ele retorna ao veículo, entra por alguns segundos e deixa o local novamente, enquanto fala ao telefone.
O Honda Civic permaneceu estacionado no mesmo ponto até a noite do mesmo dia. Só pouco após as 22h, um outro comparsa é filmado pela mesma câmera entrando no carro pela porta do motorista e guiando o automóvel na mesma direção pela qual ele havia chegado quase 12 horas mais cedo.
Dois dos envolvidos com o crime, Fabio e Chingler, também são acusados pela morte do trader Wesley Pessanto Santarém, em agosto, na cidade vizinha de São Pedro da Aldeia, também na Região dos Lagos. O rapaz, de 19 anos, foi executado em um Porsche avaliado em R$ 440 mil. Segundo a Polícia Civil, as investigações prosseguem para identificar se Glaidson também foi o mandante do assassinato de Pessano, que se apresentava nas redes sociais como investidor de criptomoedas.