Prefeitura de Cabo Frio homenageou a quilombola e líder sindical Rosa Geralda da Silveira com nome do equipamento
Inaugurado pela Prefeitura de Cabo Frio na quarta (8), Dia Internacional da Mulher, o Centro Especializado de Atendimento à Mulher (Ceam) Rosa da Farinha, em Tamoios, recebeu esta semana a visita de Nílzima Maria Silveira, 71, filha de Rosa Geralda da Silveira, quilombola e líder sindical que dá nome ao equipamento que atende às mulheres vítimas de violência no distrito.
A história de Nílzima, também conhecida como Nini, se mistura às lembranças que têm da mãe, que após muitas lutas em defesa da população do distrito e contra a ação de grileiros, principalmente, morreu em 2009, aos 76 anos. Mais velha de três filhos da quilombola, ela conta que a mãe sempre foi uma grande defensora das mulheres e, para ela, a homenagem da Prefeitura de Cabo Frio é uma iniciativa para marcar ainda mais a dedicada trajetória de Rosa da Farinha.
“Eu senti energia, proteção, uma coisa boa nessa casa quando entrei aqui. Essa casa é a realização do sonho dela, que sempre lutou em defesa da mulher, sempre lutou pelo direito da mulher. No tempo dela, ela já entendia que a mulher não podia ser maltratada por ninguém, nem pela vida, nem pelos homens, como estão sendo maltratadas hoje. Se ela estivesse viva hoje e vendo toda essa violência contra a mulher, ela iria preferir morrer. Eles batem, matam, estupram, fazem o que bem entendem como se não houvesse lei para eles. Então, as mulheres que são maltratadas terem uma casa de apoio na nossa região é muito gratificante”, contou Nini, que também sofreu violência física por parte do marido, quando estava grávida de sete meses de seu único filho, Wellington Silveira Guilherme de Loyola.
Ao chegar ao Ceam Rosa da Farinha acompanhada da superintendente dos Direitos da Mulher, Tânia Lopes, Nini foi recebida pela equipe do equipamento, composta pela coordenadora Vânia Monteiro e pelas técnicas. Ela conheceu as instalações, as salas de atendimento social e psicológico, bem como o espaço destinados às crianças das mulheres que são atendidas no local. Na recepção do equipamento, uma foto emoldurada de sua mãe completa a homenagem à quilombola.
“Minha mãe sempre foi uma lutadora, ajudava as pessoas. Lembrar dela me traz muita saudade porque ela lutou tanto, tanto… muitas vezes a gente ficava sozinho porque ela tinha que sair, fazer as coisas para a comunidade que ela defendia, para levar pessoas ao hospital e, mesmo assim, nossa relação era muito boa, graças a Deus”, complementou emocionada Nini, que é técnica de enfermagem e instrumentadora do Hospital Municipal da Mulher.
“Para nós é uma alegria e uma honra muito grande receber a filha de Rosa Geralda da Silveira, a Rosa da Farinha, nesta casa que leva seu nome. A Lei Maria da Penha é a segunda mais avançada do mundo no enfrentamento à violência contra a mulher e muitas mulheres de Tamoios pediam há muito tempo essa política pública no distrito. A casa é do município, então, é uma grande conquista. O acolhimento para essas mulheres tem que ser em dobro: muita atenção, carinho, cuidado”, afirmou Tânia Lopes