É preciso ter cuidado com o próximo passo quando se decide traçar um caminho coberto com ovos frescos. A coalizão de forças e os acordos feitos por cima estão minando mesmo antes de darem liga. A imprensa progressista está cobrando uma postura mais à esquerda do governo do que propriamente a mídia reaça. Os discursos antes inflamados contra rachadinhas, orçamento secreto, uso pessoal de aviões da FAB por ministros e servidores de 2⁰ escalão, nepotismo, etc, estão perdendo força e sentido quando vindos do PT e de seus quadros.
Hoje já se divide o governo em três partes: o governo do presidente Lula, o governo do PT e o resto. Mesmo os mais próximos da ideologia maniqueísta do “MIM vs TU” vendida na campanha, já começam a defender a tese de que não dá para esperar 100 dias de governo para começarem a criticar e apontar as incoerências do presidente.
“Não é que eu seja contra o Lula! Eu votei no Lula contra o Bolsonaro porque achei que ele fosse começar um governo mais progressista. Mas também é importante apontar os erros agora no início antes que isso vire um monstro incontrolável…” Eduardo Moreira. ( ICL)
” O Lula tinha tudo pra começar o governo com os melhores dos melhores, mas foi escolha dele nomear os ministros que têm. Ao menos seis ministros indicaram 300 milhões em verbas do orçamento secreto que serão executadas ainda esse ano. As escolhas do presidente passam pelo setor de inteligência do governo. Ele ( Lula) não pode dizer depois que não sabia. Vai comprar o barulho pra ele e se arriscar na opinião pública”. Madeleine Lacsko ( UOL).
” Hoje o governo não tem maioria nem na Câmara e nem no Senado para aprovar matérias de maioria simples, quanto mais de nível constitucional.” Arthur Lira.
Este, por sua vez, aguarda ansioso com as cordinhas de ventríloquo nas mãos para conduzir Lula aonde ele quiser e desejar. Isso sim que é gostar de ver “tudo depois”. A verdade é que nenhum poder é absoluto, porém não deixa espaços vagos.
Esses são apenas dois exemplos de jornalistas que votaram no Lula e que mais bateram no Ciro Gomes e no bolsonarismo antes e durante a campanha eleitoral, e do presidente da Câmara que já dá seu recado direto aos navegantes da nave mãe. Ainda tem a auto canibalização dentro do próprio partido dos trabalhadores. Com isso, a única certeza que o Lula tem é que o colo do Centrão é macio, acolhedor e seguro, desde que ele pague o preço que tiver que pagar. É uníssono o adjetivo usado para qualificar o Lula: ” ANIMAL POLÍTICO”! Deve ser uma maneira sutil de dizer que ele sempre foi, é e sempre será, um político da ordem: previsível, limitado e populista. É um democrata e um estadista, sem dúvidas, civilizado e tem seu prestígio. Mas não é mais do que um político da ordem.
Vamos esperar as reformas que ainda não existem, as mudanças que talvez virão e assistir ao show de camarote. Mas, de preferência como a vaca profana de Caetano Veloso: Com os córneos pra fora e acima da manada.
Por Mardonio Gomes
