O pai do jovem Alex Souza de Araújo Santos, de 19 anos, baleado nas costas, no último sábado, na comunidade Kelson´s, na Penha, Zona Norte do Rio, chamou os policiais de despreparados e disse que a morte do filho foi uma execução. Parentes afirmam que policiais militares efetuaram o disparo contra o estudante a uma distância de cerca de dez metros. O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) e pela Corregedoria da Polícia Militar. O corpo de Alex foi enterrado por volta das 16h desta segunda-feira, em Irajá.
— Acabei de ver o corpo do meu filho dentro de um caixão. Os policiais despreparados. Na verdade, é um grupo de extermínio — disse o pai do jovem, Robson de Araújo. — Falar que tinha arma e droga é fácil, quero ver provar. Cadê? Quem é pago para defender, mata mais do que defende. Nem se fosse bandido merecia morrer do jeito que morreu. Isso já vem acontecendo há muito tempo. Não é porque mora na favela que é bandido.
O jovem estava a caminho da casa do avô quando foi morto no último sábado.
— Agora a mãe chora lá. Amanhã é aniversário dela. Esse é o presente? — questionou o pai. — Ele foi morto perto de casa. Não posso dizer para onde ia, mas estava no caminho da casa do avô. A última que teve contato com ele naquele momento foi a tia. Todos estão muito abalados.
Segundo a Polícia Militar, agentes foram atacados por criminosos armados no interior da favela. Alex teria sido atingido durante um confronto. A corporação afirma que com ele foram apreendidos um simulacro de pistola, dois radiocomunicadores e drogas. Robson nega que o filho tivesse qualquer envolvimento com o crime.
— Disseram isso, mas cadê? Por que eles não apresentaram nada? Meu filho nunca teve nenhuma passagem. Foi uma execução. Um tiro pelas costas sem ter nada. É um momento difícil, mas a gente vai buscar. Quero que não morram mais pessoas, crianças, moradores, da forma que ele morreu.
No momento em que o corpo de Alex foi enterrado, parentes e amigos se emocionaram. Cerca de 200 pessoas acompanharam a cerimônia. Alguns se desesperaram, como a avó do jovem, que gritava que o neto não merecia ter morrido. Houve ainda choro, palmas e pedidos por justiça por quem acompanhava a despedida.